"Um Monge muito velho, quase centenário, que num remoto mosteiro pede a um monge bem moço que o ajude ainda uma vez a ir à biblioteca que guarda preciosos alfarrábios. Pela última vez, ele quer folhear uma enciclopédia ou encíclica papal, algo assim — a princípio, o moço não entende direito.
O jovem monge instala, então, o velhíssimo velhinho junto a uma mesa imensa, tudo lá é muito grande e muito antigo. Mesa de carvalho, claro. É um aposento secreto no fundo da biblioteca, onde só os monges iniciados entram. O rapaz consegue o livrão, coloca-o na mesa diante do velhíssimo velhinho e sai, dizendo: “Qualquer coisa, toque essa sineta que eu venho acudi-lo”.
Passa-se o tempo, o jovem monge se distrai com seus afazeres, até que se lembra: e o ancião, como estará? Preocupa-se com o longo silêncio — será que ele morreu? Corre até o fundo da biblioteca, até a sala secreta, e encontra o velho monge batendo repetidamente a cabeça no tampo da mesa.
— Mestre, o que houve? O senhor vai se machucar!
O monge centenário chora e repete certas palavras que o moço custa a entender:
— Imagine, imagine! A palavra de ordem, a recomendação, a essência, não era celibate, mas celebrate!"
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